Fundamentos Para uma Transformação Digital Bem-sucedida

Como criar as bases digitais da empresa do futuro?

Por: Marcelo Ramos*

Fonte: Axway

Ataques cibernéticos recentes revelaram que, em plena era de transformação digital, aumentam as falhas das empresas em termos de segurança. Uma questão antes reservada à área de TI, agora permeia toda a organização e chegou ao nível da direção da empresa. Como criar, portanto, as bases digitais da empresa do futuro?

A segurança dos dados é o desafio-chave para o Digital Business. Segundo o Gartner, “60% dessas empresas sofrerão falhas em decorrência de sua incapacidade de gerenciar o risco digital”. Além disso, “empresas digitais”, “riscos digitais”, são novos termos cuja definição ainda não é universal.

O Digital Business é uma empresa que evolui em um ambiente multicanal, ou mesmo omnicanal, no qual nuvem, mobilidade e redes sociais constituem os três pilares. Com a abertura para esses novos canais, o sistema de informações torna-se permeável à colaboração e à inovação. Mas também à exposição a brechas de segurança e a ataques.

Se a nuvem permite testar e validar rapidamente iniciativas digitais limitando os custos de aplicação, ela também aumentou a complexidade da gestão e a automatização dos processos que se baseiam em um painel de aplicações internas e externas. Muitas são as empresas que, em nome da segurança, se opõem à migração dos dados estratégicos para a nuvem.

Nesse contexto, o Digital Business nasceu dos novos usos e por conta de uma geração de colaboradores que querem, o tempo todo e em todos os lugares, ter acesso aos seus aplicativos corporativos a partir dos mais variados modelos de aparelhos móveis; de clientes conectados, que utilizam as redes sociais como um serviço de relacionamento com a empresa e/ou como espaço para reclamações; ou, ainda, de parceiros internacionais para atender às exigências em tempo real apesar dos fusos horários. Também, aqui, a desmaterialização e a aceleração das trocas deslocam as problemáticas de segurança para fora das fronteiras físicas da empresa.

Relógios conectados, refrigeradores inteligentes, automóveis autônomos: o fascinante universo da internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) oferece muitas iniciativas para o grande público; no entanto, é por meio das aplicações industriais que se revela seu verdadeiro potencial comercial.

Com o uso de drones, por exemplo, é possível supervisionar campos de captação solar e assegurar os controles de manutenção produtos ou ainda entregar pequenas compras diretamente na residência dos consumidores; geladeiras inteligentes já conseguem “comprar” produtos em falta diretamente nos supermercados; e carros com múltiplos sensores já começam a ser uma alternativa plausível para a diminuição de acidentes e, consequentemente, aumento da segurança de motoristas e passageiros em todo o mundo.

Porém, nos bastidores, a IoT significa o pesadelo dos gerentes dos sistemas de informação devido à proliferação dos protocolos, a multiplicidade dos sistemas que se comunicam entre si e o crescimento do volume das trocas. Os riscos, em termos de segurança, continuam a ser difíceis de mensurar e os temores são reforçados pela ausência de padrão.

Neste contexto, surgem perguntas legítimas quanto à identificação e o controle dos objetos que transportam dados críticos, permitindo verificar a integridade destes dados. Prevendo novas oportunidades de desenvolvimento, o ambiente digital contribui, contudo, para tornar mais complexo o ecossistema das empresas que têm cada vez menos a garantia de que os processos que sustentam sua atividade continuem a ser dominados.

Os fundamentos digitais são a base da transformação.

O aparecimento de novos modelos econômicos disruptivos, como ilustra perfeitamente o fenômeno do Uber, redistribui as cartas do jogo da concorrência, criando, agora definitivamente, o “cliente rei”.

Outrora isolados, os clientes agora se agrupam em comunidades de influenciadores, sobretudo por meio das redes sociais, esperando os eventuais percalços de um ambiente multicanal. Para sobreviver, as empresas não têm outra escolha se não colocar o cliente no centro de sua estratégia.

Para além das problemáticas de segurança impostas pela transformação digital, o desafio-chave não reside na capacidade da empresa de levar em conta a evolução dos comportamentos dos seus clientes e parceiros, mas sobretudo a de seus colaboradores.

Esse questionamento impõe reexaminar completamente o modelo, ou, pelo menos, adaptá-lo aos novos modos de interação e de colaboração, ou até mesmo de reconciliação entre as equipes de TI e as equipes de trabalho. O que antes eram ciclos mais longos e dominados, agora necessitam adaptar-se à pressão do tempo real. A instauração de uma organização de dois modos (o chamado bimodal) deve permitir superar a contradição que existe entre a necessidade de agir cada vez mais rápido e o ritmo mais lento da aculturação à empresa digital.

O sucesso de uma transformação digital depende, também, e principalmente, da capacidade da empresa de responder a todos os desafios e de estar preparada. A abertura dos sistemas de informação deve fazer parte de uma estratégia de grande envergadura baseada em verdadeiros “fundamentos digitais”: um conjunto de instrumentos e soluções que permitirão abrir os sistemas e expôr os serviços de maneira controlada, protegida, industrializada, e em conformidade com os regulamentos.

“Fundamentos digitais” que devem, igualmente, favorecer as iniciativas digitais graças a um sistema de compromisso, que permitirá melhor conhecimento do cliente e a monetização dos serviços, captando o valor da informação trocada com os parceiros e pela análise preventiva dos processos de TI e trabalhos. Com a condição, contudo, de ser ágil o bastante para responder a estas problemáticas.

Os fatores de sucesso de uma transformação digital são diversos, mas principalmente destaca-se a capacidade de fazer evoluir os sistemas de informação existentes que pecam, frequentemente, pela sua falta de interoperabilidade com uma arquitetura aberta, interconectada e evolutiva, sem transigir quando o assunto é segurança.

*Marcelo Ramos é vice-presidente sênior e gerente-geral da Axway para América Latina

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